(de Aluísio Azevedo)
Pedistes selos? Pois selos
Tereis os que apetecerdes,
Encarnados, amarelos,
Azuis, roxos e verdes;
Tê-lo-eis grandes, pequenos,
A farta postos à escolha
Uns melhores, outros menos,
Uns velhos, outros em folha.
Mandar prefiro os antigos,
De velhos, cansados povos
Pois os selos, como amigos,
Mais valem velhos que novos.
Tê-los-eis dos mais legítimos
desde o tempo dos Henriques,
Em réis, centavos, cêntimos,
Em shillings e peniques.
Tê-los-eis com vários bustos
Tê-los-eis de vários anos,
De imperadores vetustos
E chefes republicanos.
Tê-los-eis de vários gostos,
Firmados em línguas várias,
Mostrando diversos rostos
De personagens lendárias
Rostos de moços e velhos
Que humildes povos incensam,
E de importantes fedelhos
que já reinam e ainda não pensam ;
De rainhas primitivas
Que a nós só contam da História
E de outras que estão bem vivas
Como a grande Rainha Vitória;
De Colombo e sua roda,
De Santo Antônio e do Papa.
Pois, depois de selo é moda
Já ninguém do selo escapa.
Apesar receio, amigo,
Que à força de mandar selos
Fique eu doido e vós comigo
à força de recebê-los.
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